Era uma típica tarde de sexta-feira.
Parecia que nada podia abalar a pequena cidade naquela noite. Mas algo abalaria. Como de costume, choveu o dia inteiro. Não era possível notar o padrão se a pessoa não soubesse o que procurar.
Richie estava encostado no capô de seu Mercedes, observando o ponto exato em que a chuva alcançava o seu ápice aquela noite. Exatamente na parte do dia em que não era claro, e nem escuro.
O anoitecer.
Logo, a neblina cobriu o chão, e todo e qualquer vestígio de vida que havia em volta dele desapareceu. Estava na hora. Andou sem esforço pela encruzilhada tomada de pedras, e carregou seus vinte e cinco anos até o seu centro. Havia trazido os objetos de que precisava. Ossos, foto... e tudo o que era necessário.
Estava completamente só na encruzilhada sombria. Pegou a caixa em que carregava tais itens e enterrou na terra. Foi naquele momento que ele a conjurou.
Assim que terminou os dizeres em latim, ela apareceu. Era extremamente bela, mas tinha olhos cor de sangue, e suas feições eram aguçadamente felinas, típicas dos filhos do demônio.
- Boa noite, Richie. O que posso fazer por você?
- Eu quero fazer um pacto.
- Tudo bem. O que quer?
- Você.
A resposta a surpreendeu, e espalhou um sorrisinho malicioso por seu rosto.
- Quer amar a um demônio, rapaz?
- Me dê o seu preço.
- Deixe-me pensar. Não tenho muita paciência para essas bobagens humanas, Richie. Posso lhe dar dez anos. Mas é só isso. Apesar que... não consigo pensar em nada que valesse a pena receber em troca.
- Que tal se eu lhe prometesse... um eterno culto, algo assim?
- Não me convenceu.
- Posso desencaminhar muita gente. Levá-las pro seu lado.
- Ainda não é o suficiente.
Ela começou a se afastar. Desesperado, ele ofereceu a sua última carta.
- Espere! Eu lhe prometo... minha alma.
Ela virou-se, evidentemente satisfeita.
- Ora ora, rapaz. Isso sim é uma grande oferta.
- Então quando for a minha hora... pode me levar pro inferno, para onde quiser. Apenas seja minha.
- Tudo bem. Vamos selar o pacto.
E com um beijo, o acordo foi fechado.
Quinze anos depois, Richie não poderia estar vivendo uma vida mais miserável. Tinha pesadelos horríveis, e quase não saía de casa, com medo de morrer e ir para o inferno. Para ele, aquilo tinha sido uma burrice. Nenhuma realização poderia compensar o que ele vivia. Mas o pior de todos os seus medos, era que o seu filho cometesse o mesmo erro.
Richie o estava observando. Não tirava os olhos de uma menina, que era filha de um dos grandões daquela cidade, e que não estava nem aí para ele. Aquilo ia além de amor... era uma obsessão. Isso preocupava o pai.
- Droga, pai. - disse exasperado - Juro que acho que seria capaz de vender a minha alma ao demônio para ter essa garota...
A frase do garoto reviveu os medos do pai. Um riso cheio de sarcasmo saiu de sua boca e ele lhe respondeu.
- Não faça juras ao demônio, filho.
Sem entender, o garoto perguntou:
- O quê? Como assim... por quê?
Hesitou.
- Porque ele pode ouvir.
O vento entrou na sala, cortando o fio da palavra.
Vanessa
Parecia que nada podia abalar a pequena cidade naquela noite. Mas algo abalaria. Como de costume, choveu o dia inteiro. Não era possível notar o padrão se a pessoa não soubesse o que procurar.
Richie estava encostado no capô de seu Mercedes, observando o ponto exato em que a chuva alcançava o seu ápice aquela noite. Exatamente na parte do dia em que não era claro, e nem escuro.
O anoitecer.
Logo, a neblina cobriu o chão, e todo e qualquer vestígio de vida que havia em volta dele desapareceu. Estava na hora. Andou sem esforço pela encruzilhada tomada de pedras, e carregou seus vinte e cinco anos até o seu centro. Havia trazido os objetos de que precisava. Ossos, foto... e tudo o que era necessário.
Estava completamente só na encruzilhada sombria. Pegou a caixa em que carregava tais itens e enterrou na terra. Foi naquele momento que ele a conjurou.
Assim que terminou os dizeres em latim, ela apareceu. Era extremamente bela, mas tinha olhos cor de sangue, e suas feições eram aguçadamente felinas, típicas dos filhos do demônio.
- Boa noite, Richie. O que posso fazer por você?
- Eu quero fazer um pacto.
- Tudo bem. O que quer?
- Você.
A resposta a surpreendeu, e espalhou um sorrisinho malicioso por seu rosto.
- Quer amar a um demônio, rapaz?
- Me dê o seu preço.
- Deixe-me pensar. Não tenho muita paciência para essas bobagens humanas, Richie. Posso lhe dar dez anos. Mas é só isso. Apesar que... não consigo pensar em nada que valesse a pena receber em troca.
- Que tal se eu lhe prometesse... um eterno culto, algo assim?
- Não me convenceu.
- Posso desencaminhar muita gente. Levá-las pro seu lado.
- Ainda não é o suficiente.
Ela começou a se afastar. Desesperado, ele ofereceu a sua última carta.
- Espere! Eu lhe prometo... minha alma.
Ela virou-se, evidentemente satisfeita.
- Ora ora, rapaz. Isso sim é uma grande oferta.
- Então quando for a minha hora... pode me levar pro inferno, para onde quiser. Apenas seja minha.
- Tudo bem. Vamos selar o pacto.
E com um beijo, o acordo foi fechado.
Quinze anos depois, Richie não poderia estar vivendo uma vida mais miserável. Tinha pesadelos horríveis, e quase não saía de casa, com medo de morrer e ir para o inferno. Para ele, aquilo tinha sido uma burrice. Nenhuma realização poderia compensar o que ele vivia. Mas o pior de todos os seus medos, era que o seu filho cometesse o mesmo erro.
Richie o estava observando. Não tirava os olhos de uma menina, que era filha de um dos grandões daquela cidade, e que não estava nem aí para ele. Aquilo ia além de amor... era uma obsessão. Isso preocupava o pai.
- Droga, pai. - disse exasperado - Juro que acho que seria capaz de vender a minha alma ao demônio para ter essa garota...
A frase do garoto reviveu os medos do pai. Um riso cheio de sarcasmo saiu de sua boca e ele lhe respondeu.
- Não faça juras ao demônio, filho.
Sem entender, o garoto perguntou:
- O quê? Como assim... por quê?
Hesitou.
- Porque ele pode ouvir.
O vento entrou na sala, cortando o fio da palavra.
Vanessa
Continua?
Adorei!
"(...)no capô de seu Mercedes"
Eu queria ter uma mercedes.. :'D
Caramba, me surpreendeu...De boa mesmo...Você escreve muuuuito bem, seu texto me prendeu do inicio ao fim. Meus parabéns...Seguindo aqui, claramente =)
Um beijo, M!sunderstood
estou lendo um livro em que o personagem principal coleciona textos sobre névoa, a neblina q vc citou...
oohhhhhhhhhhh adorei muito bom msm vanessa
acho q foi um dos melhores que eu li q vc vez
ta muito bom faz continuaçao dele !
continua amoooor *o*
super curiosa -mimi
seguindo amor, e sucesso !
PARABÉNS PELO BLOG
http://chooseelas.blogspot.com
a alma é tudo, a capacidade de se sentir bem e tudo o mais...
ISSO ME LEMBROU DE QUANDO O DIABO VEIO ME VISITAR...
Eu achei bem interessante o contexto.. o ritmo prende e os questionamentos estão bem explorados!
;D
Realmente uma excelente narrativa. Prende desde o começo e, talvez merecesse uma sequencia...